O pior final

 Preciso entender que milagres não existem, preciso entender que a tempestade não se vai mudar a direção, nem ela, nem eu. Odiar as vezes é necessário para ter sede e continuar o torto arado, renascer eu não sei, não sei como se faz. Não sei como eles fazem parecer tão fácil, não consigo.

Meus traumas não são compreendidos, as conversas não são interpretadas como eu digo, difícil dizer mais do que isso. Quero e fazer entender, quero melhorar, simplesmente não consigo. A arrogância não se faz parte, por mais que esteja impregnada em mim, mas sem sono, em algumas semanas já não consigo respirar.

O que tem na sua frente? O infinito é feito de memorias, mas quais? As que queremos. Selecionadas, amadas e eu sozinho no meu quarto. Ainda luto por um mundo que minha história eu saio vivo. Nunca vi esse final.

Desisti dos deuses, desisti de mim, porque o nós nunca existiu.

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Falar com espelho

 Um lugar ao sol para caminhar nesse tempo maluco onde de repente fica tudo tão frio. . Desde pequeno procuro uma imagem, um espelho. Um lugar para quem sabe fazer tudo ficar mais fácil.

Bebo outro gole tentando achar palavras para descrever esse dever que nem sei quem me deu. A imortalidade contra a morte certa, a morte que quero pra mim. Procuro acabar com tudo, mas o espelho me diz não, e eu nem sei explicar.

São estradas que aprendi a andar sozinho, não me peça para explicar, não sei. Fui obrigado a querer seguir em frente. Me fiz procurar uma semelhança nesse espelho, mas mal me enxergava. 

Pareço estar sorrindo, mas quero gritar. Como uma necessidade a cada ano, renascer? Não sei avisar como se faz necessário sumir. O copo segue cheio, sempre né?! A pena de morte que me auto decretei está em conflito, não sei mais falar com o espelho, não sei mais onde devo acelerar ou não na estrada, e mal sei onde o sol se põe hoje em dia. Um instante hoje é uma eternidade no ontem, e olha que eu só quero nem saber do ontem.

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Algum dia isso aqui mudou?

Tentei contar por quantos anos o mesmo pensamento vem na minha cabeça. Desisti, visto que ele nunca saiu. São todos os dias tentando mudar, trocar, ir embora, acabar com tudo. 

A dúvida pode até mudar, o contexto, o cenário, mas a ambição de querer sair daqui é a mais forte vontade, então porque não? O medo? As pessoas, as minhas pessoas?

Mudei drasticamente em 10 anos, pessoas partiram, outras agregaram e depois sumiram, e várias me viram sumir, não quero explicar, não quero explicações, eu queria entender a vontade de partir, isso nunca me pareceu algo longínquo. 

A caverna de Platão fode com todas as minhas espectativas, quero sair mas tenho medo, quero ficar mas lá fora é tão melhor. 

Hoje estou bem, amanhã sei que não. E entenda, estou cansado de escutar que vai ficar tudo bem, que vai acabar bem. Onde ficou tudo bem até agora? Ou melhor, pra quem ficou tudo bem? Pra mim não. E sobre acabar? Acabou pra quem pegou dinheiro, carreira, fama, lar, conforto.

Não queria mais escrever, mas sigo aqui, fodido com minhas linhas eternas de acabar com tudo, desde meu copo, até minha vida e juro, hoje espero que meu copo fique pela metade, e minha vida não;  

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Hoje

O que é viver? Respirar oxigenio, planos de todos os aspectos, querer e fazer acontecer. Olho pra trás e vejo que vivi bons momentos, hoje não, hoje não mesmo.

 Eu estou sobrevivendo, todos os dias nos últimos cinco anos. Perder tudo, perder o que achava que não era tão importante. Hoje entendo que o mínimo é importante pra quem não tem nada.

As coisas podem piorar? Sempre podem, mas pra quem já está no fundo do poço, não enxerga onde as coisas podem ir. Nem pra baixo, nem pra cima.

Já vivi com o copo sempre cheio, já vivi perto dos mortos, falando com eles, sentido eles, querendo estar com eles. Hoje já não sei, basta um vento, basta o mínimo para me derrubar. E quando isso acontecer, acabou.

Eu já andei com vermes, humanos que não considero, hoje vejo vermes viscoços, vejo onde eles moram e pra onde vou morar. Entenda, hoje eu não estou ansioso para essa nova etapa, mas sei que será inevitável.

Por vezes eu quis, por vezes eu já planejei, hoje eu vejo, hoje é uma realidade cada vez mais próxima. Perder mais o que? 

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O tempo do relógio não é igual ao meu

 Amanheceu, não sei mais se quero continuar. Fecho os olhos de novo, não consigo voltar. Malditos sonho que me perseguem. Fico extremamente sufocado em ter que andar, sei lá, o desespero em não amar me faz surtar.

As vezes me pego a citar malucos e de contramão paro. O cheiro da cidade me sufoca e não posso parar. Mudar não é uma escolha, não posso sair assim, preciso parar o desespero em correr. Nunca ter amor é o que me traz a angustia.

O relógio me mostra o quanto tenho de tempo, e já que não é muito, apenas me deixe quieto para aproveitar o minimo. Hoje eu entendo quando um dia falou que não quer mais viver. Hoje eu entendo quando pediu seu fim. Sei que não posso agora, mas ta difícil demais continuar.

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Obrigado por nada

 O desastre em agir sem pensar, algo concreto transformado em cinzas diante esse fogo que se forma em torno de mim. Nunca me achei competente o suficiente, nunca me achei lógico o suficiente, para me entender, para me fazer entender.

Eu to as ordens, sempre obedecendo, o mundo, a ti, o capitalismo tardio que chegaste devastando um mundo já quebrado. Em delírios moveis, em calças jeans, imaginando como seria um dia de paz. Não houve.

Um concreto, me encontrou com sua furia, reto, em branco, soco profundo e ardente. Me meti numa onda de esquecer tudo isso. Já nem posso mais fazer isso, já que o sangue não para de jorrar. A dor de não poder comer, o odor de não estar com a consciência limpa, quero acabar com tudo e não consigo. 

Me deixe nesse canto, me deixe sorrir das poucas coisas que vejo, pois a visão já está turva, está chegando minha hora, vou dormir depois de tanto tempo e obrigado por nada.

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Sem intenção de falar

 Não me faça querer suportar, se todos vocês estão tirando dinheiro não sei de onde, por favor me explica, porque não sei qual a explicação. São imoveis, carros, lapis de cor. Queria acreditar numa igualdade, mentiram pra mim quando criança.

Fingir ser quem não sou, quem não somos, bairros decadentes, ruas na contramão, luzes erradas, tudo errado mas as fotos estão lindas, a propria negação. Não me faça querer duvidar de mim proprio, já faço isso ao acordar. Subo escadas, olho no espelho e nem sei o que dizer.

Saio de casa, passeios com cães e tento dizer que estou melhor. Escrevo frases que nem fazem sentido pra mim. Mas é parte de uma escolha que se faz nesse segundo antes do fim. Queria voltar algumas coisas, nossa distancia que não faz sentido, um exemplo inutil de se dizer.

Parar de ter pressa, sem mais piadas sobre frases do cotidiano, vai ver esse é meu destino, escolher destinos sob um copo, olhares sobre um mundo distante de mim, de nós.

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